sexta-feira, 30 de novembro de 2012


Oração de Benção para o Advento

Quarta-feira, 28 de novembro de 2012 - 6h49min
por Red de Liturgia CLAI
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Abençoa-nos, Senhor, para que não nos instalemos no frio vazio do comodismo e da indiferença.
Que neste Natal, Senhor, nos reunamos em família e em comunidade, dispostos ao compromisso da mudança, à entrega do perdão, à fecundidade do amor.
Abençoa, Senhor, os esforços de todas as pessoas que vivem neste país, as que regam os sulcos da terra com sangue e suor, as  que estudam, as que investigam, as que constroem, as que educam, as que trabalham por um mundo melhor.

Abençoa, Senhor, de maneira especial,  a todos aqueles irmãos que estão desempregados, os doentes, os solitários, aqueles que não têm esperança:

Para que encontrem em nós, seus irmãos e irmãs,  Tua Presença que anima e acompanha.

Que Maria e José, depois de ter atravessado as estradas áridas e poeirentas, batam e encontrem em nossos corações um lugar quente e fértil onde possa nascer o teu Filho Jesus.

E que sua presença em nossas vidas nos anime como filhos, família, comunidade e povo, para tornar realidade teu Projeto de Amor, Justiça, Liberdade e Igualdade.

Amém.

(Noni Barros, da Capela  Santa Rita, Paróquia San Antonio, Posadas Misiones, Argentina)

O que era noite - Zé Vicente

Terça-feira, 27 de novembro de 2012 - 23h54min
por IHU
O que era noite tornou-se dia,
O que era treva resplandeceu!
O que era morte tornou-se vida
Porque há um Deus que hoje nasceu!


Sobre a terra pesa a noite
Sobre os pobres pesa a opressão
Sobre os braços dos pequeninos
Jesus, Deus menino, traz a redenção!...

Caminheiros vêm de longe,
Uma estrela vem do céu
Confundindo a reis e tiranos
Se cumprem os planos benditos de Deus!...

O Advento da ‘Amorosidade’ - Marcelo Barros

Quarta-feira, 28 de novembro de 2012 - 17h55min
por Adital
No próximo domingo, as Igrejas de tradição latina iniciaram o ano litúrgico, ciclo no qual se revivem todos os grandes atos da vida de Jesus, desde o seu nascimento, até a morte, ressurreição e partilha do seu Espírito sobre toda a terra. As comunidades revivem estes eventos não apenas para lembrá-los e sim para, neles, se incorporarem. O propósito de cada celebração não é apenas se ligar ao passado, mas nos ajudar a seguirmos o mesmo caminho e nos consagrarmos à mesma causa pela qual Jesus deu a vida. O ciclo anual de celebrações começa com o tempo do Advento, quatro semanas dedicadas a reavivar a esperança da realização do projeto divino no mundo. Esta esperança foi alimentada pelo nascimento de Jesus. O Natal não é apenas aniversário de um nascimento, mas proclamação que a presença e ação divinas se revelam permanentemente em todo ser humano ao qual Jesus se uniu ao nascer neste mundo.

Hoje, a presença divina é testemunhada pelas religiões, mas também por muitas pessoas e grupos que procuram melhorar o mundo e tornar a humanidade mais solidária e amorosa. Há poucos dias, ocorreu na cidade de Astana, capital do Cazaquistão, o 1º Fórum Mundial da Cultura Espiritual. O Cazaquistão é um dos países que se tornou independente com o fim da União Soviética e está na fronteira entre a Europa e a Ásia. Por isso, liga diversas culturas e é ponto de encontro entre várias raças, desde os antigos nômades cazaquis que deram o nome ao país (o termo significa "pessoas livres") até europeus e chineses que há séculos são seus cidadãos. O 1º Fórum Mundial da Cultura Espiritual contou com a participação de Kiril I, patriarca da Igreja Ortodoxa de Moscou e de toda a Rússia, além de autoridades budistas, xintoístas, muçulmanas (o país é de maioria islâmica) e de muitas pessoas que, embora não pertençam a uma religião específica, vivem uma busca espiritual profunda. Durante a última semana de outubro, este fórum reuniu quase mil pessoas entre delegados/as e observadores, vindos de mais de 60 países, além de quase cem voluntários/as, ligados/as à organização do evento.

Como costuma acontecer, a imprensa internacional não deu nenhuma notícia sobre um evento como este. Certamente, jornais e televisões estavam ocupados demais com algum escândalo ocorrido nas cortes mundanas ou com detalhes sensacionalistas de algum crime passional. Encontros e fóruns para unir a humanidade em uma cultura da paz ainda não vendem jornais. De qualquer modo, é importante sabermos que o fórum propôs que em todos os países as pessoas e grupos empenhados na paz e na transformação do mundo comecem a discutir a elaboração de uma Constituição internacional da Cidadania Planetária, baseada em uma consciência ético-ecológica e em uma cultura da "amorosidade" universal.
Esta proposta parece irreal e distante das preocupações concretas do nosso dia a dia. Entretanto, a fé nos faz caminhar aqui e agora, sem perder o olhar sobre a meta final. É importante prestar atenção a cada passo do caminho para não nos desviar, nem cair em algum precipício. Ao mesmo tempo, pouco adianta caminhar, sem ter claro o destino final e o rumo a seguir até a utopia desejada.
Na espiritualidade cristã esta é uma atenção dialética. Precisamos assumir o momento atual como o hoje de Deus em nossa vida. Ao mesmo tempo, ainda esperamos o reinado divino que virá em sua plenitude a este mundo. Isso significa que a paz, a justiça e a comunhão com o universo são objetivos possíveis e que devemos perseguir. O tempo do Advento celebrado pelas Igrejas tem como objetivo aprimorar em nós esta consciência. Ele nos une a todas as pessoas e grupos que no mundo inteiro, nas diversas religiões ou fora delas, trabalham por este objetivo. No 1º Fórum de Espiritualidade que aconteceu em Brasília, (2006), cada participante assinou o seguinte compromisso: "Consciente de que a edificação de uma sociedade justa depende da transformação individual de cada ser humano, comprometo-me a atuar - com amor, inteligência e solidariedade - empenhando o melhor de minhas capacidades para a construção de uma sociedade livre, igualitária e fraterna, buscando proteger a vida no planeta e construir uma organização social, justa e digna. Reconheço que minha família é a humanidade e que estou irmanado/a a todos os seres viventes". Este é o verdadeiro e principal conteúdo deste Advento, proposta não só para cristãos, mas para toda a humanidade.

Marcelo Barros é monge beneditino e escritor

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

1° Domingo do Advento - Um novo amanhecer (Lc 21,25-28.34-36)

por Instituto Humanitas Unisinos (IHU)
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A partir do primeiro domingo de Advento, iniciamos o ciclo C do Ano Litúrgico, o qual segue o evangelho de Lucas. Segundo Tito (3,4), Lucas é o evangelista da "manifestação do carinho de Deus e de sua amizade para com os homens", dos pobres e dos pecadores, dos pagãos e dos valores humanísticos e também das mulheres.
O grande anseio de Lucas, ao escrever a Boa Notícia de Jesus, era "verificar a solidez dos ensinamentos recebidos" (1,4). Ele quer tirar dúvidas, quer mostrar a beleza do seguimento de Jesus, para fazer arder de novo o coração dos cristãos e cristãs e continuar, assim, a missão.
Por isso, o ciclo C será o ano da práxis cristã segundo o modelo de Jesus Cristo. A quem Lucas vai descrever como um homem de oração, de ternura humana, de convivência fraterna, ao mesmo tempo que é também o profeta por excelência, o novo Elias, o porta-voz credenciado do Altíssimo.
O que significa celebrar o tempo de Advento?
Podemos tomar como ponto de partida a palavra «Advento»; este termo não significa «espera», como poderia se supor, mas é a tradução da palavra grega parusia, que significa «presença», ou melhor, «chegada», quer dizer, presença começada.
Na Antigüidade, era usada para designar a presença de um rei ou senhor, ou também do deus ao qual se presta culto e que presenteia seus fiéis no tempo de sua parusia.
O Advento significa a presença começada do próprio Deus. Por isso, recorda-nos duas coisas: primeiro, que a presença de Deus no mundo já começou e que ele já está presente de uma maneira oculta; em segundo lugar, que essa presença de Deus acaba de começar, ainda que não seja total, mas está em processo de crescimento e amadurecimento.
Por isso, antes de continuar, paremos para refletir juntos onde já descobrimos a Presença de Deus em nosso mundo tão conturbado?
Os cristãos e cristãs vivemos na certeza consoladora que «a luz do mundo» já foi acesa na noite escura de Belém e transformou a noite da morte, do pecado humano na noite santa da vida humana em plenitude.
O apelo do evangelho de hoje é a levantar e erguer nossas cabeças, porque o Filho de Deus já irrompeu na história humana, foi tecido nas entranhas da humanidade.
Seguindo a tradição do Antigo Testamento, na descrição de diferentes fenômenos cósmicos que Lucas apresenta no início do evangelho de hoje, o manifesto de Deus está presente na nossa vida, está agindo no mundo por meio de tantas pessoas de diferentes raças, culturas, religiões...
Somos nós que temos que descobrir sua Presença, e mais ainda, somos também nós que, por meio de nossa fé, esperança e amor, somos convidados a fazer brilhar continuamente sua Luz na noite do mundo.
Pode ser um bom "exercício" deste tempo, reunidos em comunidade, em família, partilhar juntos/as as luzes que cada um/a de nós temos acessas, pessoal ou comunitariamente.
Agora vem a outra orientação importante do evangelho de hoje: "Tomem cuidado para que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida".
Um dos males de nosso tempo é, sem dúvida, a falta de sensibilidade, vivemos uma vida centrada em nossos próprios interesses, fazendo-nos cegos, surdos e mudos ao sofrimento de nossos irmãos e irmãs.
Atitude totalmente contrária ao Deus de Jesus Cristo: "Eu vi a miséria de meu povo..., ouvi seu clamor...e conheço seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-los..." (cfr. Ex 3,7).
Neste tempo, na esperança de Deus que continua vindo e agindo em nosso mundo, somos convidados/as a aliviar nosso coração daquilo que nos "narcisiza" e desumaniza, para ter um coração mais fraterno e solidário.
Ali Deus se fará presente, "nascerá" novamente, porque onde dois ou mais estejam reunidos em meu nome, eu estarei presente no meio deles.

Fonte: CEBI

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Festa de Cristo Rei do Universo - Dia dos Leigos e Leigas



Jesus é rei, mas um rei diferente (Jo 18,33-37) - Mesters, Lopes e Orofino

por CEBI Publicações
JESUS É O REI, MAS UM REI DIFERENTE
João 18, 33-37

O fragmento abaixo foi extraído do livro "Raio-X da Vida". Círculos Bíblicos do Evangelho de João. Coleção A Palavra na Vida 147/148. Autores: Carlos Mesters, Mercedes Lopes e Francisco Orofino. CEBI Publicações. Saiba mais emvendas@cebi.org.br

Os líderes dos judeus tinham acusado Jesus de ser um malfeitor. Pilatos pergunta: "Você é o rei?" Para o poder romano que ocupava a Palestina, a pessoa que se proclamava rei sem licença de Roma era o mesmo que malfeitor. Naquele tempo, várias pessoas já tinham aparecido como "rei dos judeus". Elas queriam libertar o povo da dominação romana. O povo ia atrás delas. Mas todas elas, sem exceção, foram presas e executadas pelo poder romano.
Pilatos achava que Jesus fosse um rei daquele mesmo tipo. De fato, Jesus é rei, mas um rei diferente: sem exército e sem súditos. Seu poder é o serviço. Seu trono é a cruz. Seu objetivo é paz e vida para todos. Sua arma é a verdade. "Quem é pela verdade escuta a minha voz!"


Festa de Cristo, Rei do Universo - Marcel Domergue

Quinta-feira, 22 de novembro de 2012 - 23h01min
por Instituto Humanitas Unisinos (IHU)
O poder do Cristo se exerce suprimindo do universo a própria raiz da violência. É preciso, aqui, entender a violência, em sentido bastante amplo, como a tentativa de fazer substituir por nossa vontade a liberdade dos outros. Mas como será possível reinar sem se impor?
1. O poder. A expressão "Cristo Rei" é, na verdade, um pleonasmo. Mas significa que o Cristo de Israel assume um poder universal sobre a humanidade e sobre a natureza à qual a humanidade está vinculada. Não há nada de mais inquietante do que a possibilidade humana de uns pesarem sobre a liberdade dos outros; de uns dirigirem os outros. Com que direito? A que título? A humanidade, desde sempre, tem inventado sistemas para designar quais devam ser os detentores da autoridade: se por herança, por eleição... Pois parece ser indispensável haver uma autoridade, para poder se conter os riscos da violência nascidos da selvagem competição. Cada um de nós aspira, de fato, a deter algum poder, porque, além de outras vantagens, isto nos dá segurança com respeito à nossa importância, ao nosso valor, e nos põe no centro das atenções. Existe, sim, uma busca pelo poder. Como dizia um político: "uma vez experimentado o poder, não se pode mais passar sem ele". O poder é uma droga que faz o homem esquecer a sua fragilidade. A busca pelo poder vicia, porque o que justifica o poder é, antes de tudo, "a desigualdade"; ou seja, a superioridade. E uma superioridade que deve ser real: a de quem sabe mais, é mais inteligente, tem maior espírito de decisão... Coisas todas que podem justificar o exercício um poder sobre os outros, ao menos provisoriamente, e, melhor, sendo aceito este poder. Todos nós exercemos poderes, em virtude de nossas competências ou responsabilidades: poderes que exercemos dentro dos nossos domínios e à medida de nossa condição (em casa, na família, na profissão, etc.). Qual seria então o poder do Cristo?
2. Qual poder? Jesus disse a Pilatos que a sua realeza não é deste mundo. Significa que não lhe foi conferida pelos homens. Não a recebeu nem de sua nação nem dos chefes dos sacerdotes. Significa também que não a exerce como os outros soberanos normais. Ele não tem guardas nem exércitos e não faz "sentir o seu poder". A sua realeza não é, enfim, da mesma natureza que as outras: não visa a conter nem reprimir a violência possível nas relações humanas, projeto este que supõe o exercício de uma violência superior, o exercício da sujeição. O poder do Cristo se exerce suprimindo do universo a própria raiz da violência. É preciso, aqui, entender a violência, em sentido bastante amplo, como a tentativa de fazer substituir por nossa vontade a liberdade dos outros. Mas como será possível reinar sem se impor? É o que Jesus responde a Pilatos: "Vim para dar testemunho da verdade". E o que é a verdade? Num certo sentido, é o próprio Deus, mas podemos tentar ser mais precisos: para o homem, a verdade é o que o faz existir realmente, o que o põe em direção à sua criação. A mentira, pelo contrário, é o que o engana, levando-o a uma via sem saída e a enredar-se em impasses. Existe, pois, uma conivência entre o homem e o testemunho do Cristo: a verdade se impõe (poder) porque ela é a própria vida do homem. Como diz Paulo (2Cor 13,8): "Não temos poder algum (...) exceto pela verdade".Verdade que ultrapassa quem a anuncia. O que justifica o poder do Cristo é que Ele convoca o homem à sua plena realização.
3. Qual tomada do poder? Cristo toma o poder - em parte, mas é fundamental - através de uma demonstração: submetendo-se à violência (submissão que é o contrário do poder). Ele mostra publicamente que o poder verdadeiro não é poder-dominação, manifestando assim a vaidade e a perversidade das condutas que visam a dispor-se dos outros. Este aniquilamento do Cristo foi apresentado por João como um "elevar-se": o Cristo crucificado foi levantado da terra e, naquele momento, os olhares todos se voltam para ele. Ele atrai todos os homens, porque a verdade atrai tudo o que em nós existe de verdadeiro. Por que a palavra "demonstração"? Porque Jesus põe a nu, diante dos nossos olhos, o pecado do homem, a sua mentira, e a verdade do amor. Ele não nos impõe a verdade, pois isto seria voltar às atitudes de violência que são o contrário da verdade; sem sentido, portanto. Ele nos mostra a verdade: "Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz" (Jo 18,37) e se torna seu discípulo. Esta é a Realeza do Cristo, não semelhante a nenhuma outra, uma vez que se apresenta sob a figura do contrário da realeza. O senhor é aquele que se faz o servidor e só pode ser senhor quem se faz servidor.

Meu Reino não é deste mundo? (João 18,33-37) - Edmilson Schinelo e Ildo Bohn Gass

Quinta-feira, 22 de novembro de 2012 - 23h39min
por Centro de Estudos Bíblicos (CEBI)
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Para Jesus, a morte se mostrava iminente. Talvez lhe restasse apenas uma saída: fazer o jogo do poder, oferecido por Pilatos. Isso significaria abandonar o projeto que tinha assumido e proposto a seu grupo de seguidoras e seguidores. A conversa é tensa e Jesus pouco fala. O mundo de Pilatos não é o seu.
É assim que a comunidade joanina nos descreve o confronto entre dois projetos: o "mundo" e o "Reino". Ao ser indagado, Jesus assume a sua realeza. Mas esclarece: "Meu Reino não é como os reinos deste mundo" (João 18,36).
Na história da interpretação dos textos joaninos, com certeza essa é uma das frases que mais serviu para manipular a proposta de Jesus. Muitos a interpretaram como a afirmação de que a missão de Jesus foi "salvar almas para depois da morte" e não salvar vidas. Seu Reino foi jogado apenas para o céu (o pós-morte), como se Jesus não tivesse dito em sua oração: "venha o teu reino, seja realizada na terra a tua vontade, como é realizada nos céus" (Mateus 6,10).
           
Meu Reino não é como os reinos deste mundo                       
Nos escritos joaninos, o termo mundo significa tudo o que se opõe ao projeto de Deus. Uma tradução mais adequada da resposta de Jesus a Pilatos poderia ser: Meu reino não é como (de acordo com, conforme) este mundo. Ora, as comunidades joaninas sabiam muito bem como era o mundo de Pilatos, representante do Império Romano na Judeia. O mundo do Império impunha seu poder pela força das armas e pelas negociatas e artimanhas, entre relações desleais, corruptas e corruptoras. A proposta de Jesus é outra, seu Reino não compactua com este mundo.
O Reino de Jesus se apoia no poder serviço (João 13), que não busca prestígios, mas que doa sua vida até a morte na cruz para que a vida aconteça em plenitude (João 10,10). 
  
Jesus é rei, mas de outro projeto político
Muitas vezes, a frase em questão também é utilizada para justificar a postura de gente que afirma que "política e religião não se misturam". No intuito de justificar seu comportamento religioso teoricamente apolítico, pessoas e grupos também "espiritualizam" a leitura do movimento de Jesus: enquanto "rei espiritual" dos judeus, o Mestre almejava anunciar uma mensagem de paz totalmente espiritual e religiosa. Infelizmente, não raras vezes, muitos dos que defendem essa postura, se líderes religiosos, vivem atrelamentos vergonhosos com políticos e empresários. E, se políticos ou empresários, quase sempre pedem as bênçãos de um líder religioso para suas ações e seus empreendimentos financeiros. Justificar o sistema com elementos e símbolos religiosos não seria, portanto, juntar religião e política. Questionar o sistema por meio da fé, isto seria.  
A proposta de Jesus é uma proposta religiosa, de vivência de uma espiritualidade radical, que não se contenta com a superficialidade, mas vai até raízes mais profundas. Por essa razão, uma proposta altamente política. Ele mesmo, no capítulo 17, roga ao Pai pelos seus: "Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. Mas não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno" (João 17,14b-15).

Quem é da verdade, escuta minha voz  
A concepção hebraica de verdade difere da mentalidade greco-romana. Enquanto para Aristóteles "a verdade é a adequação do pensamento à realidade", para um hebreu autêntico, verdadeira é a pessoa fiel ao projeto de seu Deus e de sua comunidade. Verdade é sinônimo de fidelidade.
Em sua conversa com Pilatos, Jesus não tem receio de afirmar: "Vim ao mundo para dar testemunho da verdade" (João 18,37). Testemunhar a verdade é doar a vida até as últimas consequências. É fidelidade ao projeto amoroso do Pai.
"E quem é da verdade, escuta a minha voz". Quem decide viver a verdade, o amor fiel, adere ao projeto de vida que vem do Pai, tal como a ovelha, ao ouvir a voz do seu pastor, segue-o pelo caminho (João 10).
Para a comunidade joanina, romper com os reinos deste mundo é assumir uma forma de espiritualidade que estimule relações alternativas, de justiça e de ternura, de partilha e de paz. A paz, fruto da justiça e não a paz imposta pelas armas dos impérios deste mundo (João 14,27).

* Assessores do CEBI. Ildo Bohn Gass é autor livro A oração de Jesus e outras obras.Edmilson Schinelo é colaborador no livro Advento, Natal e Ano Novo e outros.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

CESEEP realiza Curso de Verão XXVI



O Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – CESEEP realizará, entre os dias 6 e 13 de janeiro, o Curso de Verão XXVI, com o tema “Redes Digitais – Tecendo relações, construindo comunidades, exercendo cidadania”. 
 
O Curso acontece todos os anos, sempre no mês de janeiro, nas dependências da PUC/SP. O objetivo é propiciar um espaço de partilha de experiências, um lugar para aprofundar e revisar as práticas, com insumos teóricos garantidos pela metodologia participativa através das várias oficinas oferecidas. 
 
Ao finalizar o curso os participantes recebem CERTIFICADO de Extensão Universitária, outorgado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/ PUC-SP e reconhecido pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC).
 
Para mais informações, acesse o site ceseep.org.br.
 
Veja o cartaz do evento:
 

Aconteceu em São Paulo o encontro do Grupo de Reflexão Bíblico-Catequética da CNBB (GREBICAT)



“Alegrem-se comigo, encontrei o que estava perdido”  (Cf. Lc 15)

Com esta inspiração, o Grupo de Reflexão Bíblico-Catequética da CNBB (GREBICAT) reuniu-se nos dia 15 a 17 de novembro em São Paulo. O objetivo do encontro foi dar continuidade à reflexão da caminhada da comissão de Animação Bíblico-Catequética. Entre outras atividades, refletiu-se sobre o texto base do mês da Bíblia de 2013 que terá como tema:  “Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Lucas”. Além disso, o grupo ocupou-se da elaboração de um texto sobre a Palavra de Deus fonte da catequese que deverá ser publicado na coleção: “Catequese à Luz do Diretório Nacional”. Pe. Lima, que participou, em Roma, do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização, fez uma apresentação da dinâmica deste evento, bem como uma síntese do tema trabalhado e as intuições para a caminhada Bíblico-Catequética no Brasil. Neste encontro, também tratou-se de avaliar a caminhada de 2012 e planejar o ano de 2013. É sempre uma alegria encontrar-se e partilhar a vida e a missão de cada uma dos participantes deste grupo. Há um sentimento de fraternidade, acolhida e amizade partilhado entre todos. Além de tudo, é um grupo movido e entusiasmado pela Animação Bíblico-Catequética, desejoso de que a Palavra de Deus se torne, verdadeiramente, a alma de toda a pastoral e de toda a vida da Igreja. A cada passo dado nesta direção, pode-se dizer com confiança:  “Alegrem-se comigo, encontrei o que estava perdido”  (Cf. Lc 15)


Fonte: Bíblia e Catequese - Blog

terça-feira, 20 de novembro de 2012

20 de Novembro - Dia da Consciência Negra


O Dia da Consciência Negra é comemorado em todo o Brasil no dia 20 de novembro. 
A data foi escolhida por ser o dia da morte de um grande líder negro,
Zumbi dos Palmares, em 1695.
É um dia para reflexão de todos nós, irmãos, caminhando
e trilhando os mesmos lugares.
Lutando pelos mesmos
ideais de igualdade, fraternidade e amor.
Dia para lembrar do respeito pelo próximo.
Banindo qualquer espécie de preconceito.
É dia de dar as mãos e numa imensa oração pedir
A união de todas as raças, em todas as partes do mundo.
Negros. Brancos. Amarelos. Índios. Asiáticos. Todos
Iguais numa corrente de solidariedade e energia,
Vencendo a barreira dos preconceitos e das fronteiras.
Um dia para movimento em favor da paz!
Da Verdade! Da amizade! Da igualdade!
Mostrando, assim, que não existe diferença entre as pessoas.
Dia para mostrar a luta do negro pelo seu espaço na sociedade.
Sua integração! Seu valor! Sabedoria!
A história de Luta e orgulho através dos séculos!
O início da luta,
A vitória! A glória! Dia da consciência negra!
Dia de bater no peito e lembrar que se o caminho foi duro,
Hoje é o dia de colher os bons frutos de uma luta que
Começou há muito séculos atrás!
Dia de libertar o Coração da dor!
Dia da consciência!
De entrelaçar as Mãos num gesto de carinho e ternura!
Dia de doçura!
De lembrar que a luta sempre continua!
Hoje, amanhã e sempre!!
Antonio Marcos PiresRio de Janeiro - RJ.

Fonte: Mundo Jovem 

Fim do racismo e da exclusão!


Mensagem sobre o 20 de novembro

Consideremos que a história no seu processo constante de mudança, transforma a sociedade, construindo novos sonhos, enfatizando novos ideais, abrindo novos rumos.
O passado escravocrata vivido pela sociedade brasileira na época colonial deixou as marcas dos quilombos, dos engenhos de açúcar, das senzalas.
As lutas para livrar-se da escravidão, possibilitavam fugas para a Terra da Liberdade, e surgiram verdadeiros líderes guerreiros que destacaram seus nomes e revelaram seu modo de pensar e de viver, como por exemplo Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares, que morreram lutando pela liberdade. Por isso, dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi, é lembrada como Dia Nacional da Consciência Negra.
Os afro-descendentes são trabalhadores que ajudaram a construir as riquezas do Brasil atual. Muitas fortunas existentes até os dias de hoje tiveram origem no tráfico de escravos da África para o Brasil.
A discriminação que prevaleceu e intensificou-se, ainda continua viva em muitas repartições e vivências, mas não deve ser motivo para intimidar a luta que continuamente fortalece os povos discriminados. Que possamos reconhecer o rosto da nossa gente e a sua contribuição na formação do Brasil.
A exemplo do Zumbi dos Palmares, que nunca desistiu, possa renascer a esperança de um novo dia, a fé nos horizontes da alma e força para lutar por uma vida digna, através de uma educação de qualidade e busca constante de reconhecimento. Não ter vergonha de mostrar sua cultura, suas tradições, sua beleza e suas capacidades.
Tantos afro-descendentes se destacam como celebridades, pessoas importantes que se revelam no esporte, nas empresas, na política, na televisão, nas igrejas, nas escolas... A diferença existente é essencial para que as pessoas entendam que não são únicas e que o país pode crescer muito na diversidade de culturas, de vocabulários, de sonhos, de semblantes e de ideias.
Acreditamos que o Brasil caminhe na certeza de que cada brasileiro possa participar na sua nação, como cidadão livre e aceito, que cumpra o seu dever mas tenha direito de progredir, sempre com boas perspectivas. E assim a história será outra, vivida e narrada por toda essa diversidade de um povo resistente e batalhador, rumo ao fim do racismo e da exclusão!
Zelinda Scalfoni RodriguesMarilândia - ES.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012


CNBB apresenta versão oficial da tradução do Hino do Ano da Fé

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anodafe_2013Após um cuidadoso trabalho de tradução e revisão, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulga a versão oficial do Hino da Fé para o Brasil. Trata-se de uma iniciativa das Comissões Episcopais Pastorais para a Liturgia e para a Doutrina da Fé, para que a canção seja usada pela Igreja no Brasil durante este Ano da Fé.

Clique aqui para conhecer a letra e as partituras do Hino Oficial do Ano da Fé.

A seguir, reproduzimos o texto enviado pelas comissões, com um breve comentário sobre a canção.

CREIO, Ó SENHOR!
Breve comentário ao hino do Ano da Fé

Conhecemos bem o quanto a música e o canto são importantes para a compreensão e o aprofundamento das ideias, e o quanto são úteis para a divulgação de campanhas e de projetos. Seguindo o convite do Santo Padre, “queremos celebrar este Ano de forma digna e fecunda” (PF, 8). Por isso, o Ano da Fé não poderia ficar sem seu hino. Dele esperamos que ajude a marcar este “tempo de particular reflexão e redescoberta da fé” (PF, 4).

Divulgado pelo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, o hino circulou rapidamente pela internet, inclusive em uma versão portuguesa. Os assessores das Comissões Episcopais Pastorais para a Liturgia e para a Doutrina da Fé prepararam esta versão brasileira. Depois de avaliada pelos presidentes dessas Comissões e pelo Secretário Geral da CNBB, tornamos pública, para que seja usada pela Igreja no Brasil durante este Ano da Fé.

A súplica do pai que apresentou seu filho para ser curado por Jesus – “Eu creio, mas aumentai a minha fé” (Mc 9,24) – é assumida por todos nós. Desse modo, o hino é um grande pedido pela renovação e pelo crescimento da fé. Há uma particularidade a ser notada: a primeira parte da súplica está no singular: “creio, ó Senhor”.  E a segunda parte está no plural: “aumenta nossa fé”. Assim se destacam os vários aspectos da fé, que são aprofundados pelo Papa no número 10 da Porta Fidei: ao mesmo tempo ela é pessoal e eclesial, é um ato pessoal e tem conteúdo “objetivo”.

Outro elemento que se destaca pela repetição é a expressão “caminhamos”, que ocorre no início de cada estrofe. Na mesma Porta Fidei, Bento XVI nos recorda que, uma vez atravessado o limiar da porta, por meio do batismo, abre-se diante de nós um caminho que dura a vida toda e que se conclui com a passagem para a vida eterna (PF, 1). O povo brasileiro se identifica muito com as romarias, peregrinações, procissões e caminhadas. Elas são um símbolo da peregrinação espiritual que toda a nossa existência cristã: “não temos aqui cidade permanente, mas andamos à procura da que está para vir” (Hb 13,14). O modo como caminhamos é destacado de modo diferente a cada nova estrofe: cheios de esperança, frágeis e perdidos, cansados e sofridos, sob o peso da cruz, atentos ao chamado, com os irmãos e as irmãs. É um caminho feito em companhia, desafiador, é certo, mas dirigido pelas marcas dos passos de Nosso Senhor, como bem recorda a estrofe 4.

O caminhar da Igreja é marcado, portanto, pelos mistérios da vida de Cristo, reflexos do grande Mistério Pascal. Na sequência, nos são recordados: o Advento, o Natal, a Quaresma, a Páscoa, Pentecostes e o Reino definitivo. Do mistério do Filho de Deus feito homem é que a Igreja vive permanentemente. É a comunhão com Ele que orienta e anima toda a caminhada eclesial ao longo da história e, na grande comunhão dos santos, é também o que anima cada um dos fieis, pessoalmente.

Alguns títulos de Cristo são evocados, junto com os mistérios. Filho do Altíssimo, estrela da manhã, mão que cuida e que cura, o Vivente que não morre, Palavra, esperança da chegada. Desse modo o Mistério do Filho de Deus feito nosso irmão impregna toda a existência dos cristãos, na Igreja. Assim ele nos anima no caminho e nos conduz para a meta.

Esse caminhar é feito em companhia. Como companheiros são recordados, na sequência das estrofes: os Santos que “caminham entre nós”, Maria, “a primeira dos que creem”, os pobres que “esperam à porta”, os humildes que “querem renascer”, a Igreja que “anuncia o Evangelho”, o mundo, no qual se encontram sinais do Reino que “está entre nós”. Esta grande companhia de fé nos permite muitas e profundas reflexões: a comunhão dos santos, o significado da presença da Mãe de Jesus na vida da Igreja, os pobres, nos quais podemos servir ao próprio Cristo e pagar-lhe amor com amor, o espírito das bem-aventuranças expresso nos “humildes”. Como resume a última estrofe, trata-se da companhia de fé, de esperança e de amor que é a Igreja.

A consciência de que o hino expressa a súplica da Igreja que quer ser renovada na fé é expressa nos termos com os quais se conclui cada estrofe: pedimos, oramos, invocamos, suplicamos, rogamos, clamamos. A renovação eclesial e o impulso para a nova evangelização, objetivos principais do Ano da Fé (PF, 7-8), não serão alcançados simplesmente por nosso esforço. São dons da graça divina, que devemos suplicar com humildade e buscar com toda energia.

Valha-nos sempre a proteção da Virgem Maria, bem-aventurada porque acreditou (Lc 1,45).

FONTE: CNBB

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A chegada do Reino de Deus e a aparição do Filho do Homem - Mesters e Lopes


por CEBI Publicações
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A CHEGADA DO REINO DE DEUS E A APARIÇÃO DO FILHO DO HOMEM
Marcos 13,24-32

Texto extraído do livro CAMINHANDO COM JESUS - Círculos Bíblicos do Evangelho de Marcos (2ª parte) - Coleção A Palavra na Vida 184/185. Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes. CEBI Publicações. Saiba mais no endereçovendas@cebi.org.br.

Marcos 13,24-27: A chegada do Reino de Deus e a aparição do Filho do Homem
A grande pergunta que fica é esta: o que vai acontecer depois da destruição de Jerusalém? Será que o mundo vai acabar? Será que a história vai continuar? Jesus responde com imagens tiradas da profecia de Daniel (Dn 7,1-14). Daniel diz que, depois das desgraças causadas pelos reinos deste mundo, virá o Reino de Deus. Os reinos deste mundo, todos eles, têm figura de animal: leão, urso, pantera e besta-fera (Dn 7,3-7). São reinos animalescos, desumanizam a vida, até hoje! O Reino de Deus, porém, aparece com o aspecto de Filho do Homem, isto é, com aspecto de gente (Dn 7,13). É um reino humano. Construir este reino que humaniza é a tarefa do povo das comunidades. É a nova história que devemos realizar e que deve reunir gente dos quatro cantos do mundo.
Marcos 13, 28-32: No fim, Jesus dá três conselhos
Primeiro, com a parábola da figueira. É como se dissesse: "Aprendam das árvores como ler os sinais dos tempos para descobrir onde Deus está atuando e chagando!" (Mc 13,28-31). Em seguida, fala bem claramente sobre o dia e a hora do fim do mundo: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32). Finalmente, uma última advertência de vigilância. "O que digo a vocês, digo a todos: fiquem bem vigilantes!" (Mc 13,33-37).

ALARGANDO
A vinda do Messias e o fim do mundo
Hoje, muita gente vive preocupada com o fim do mundo. Alguns, lendo o Apocalipse de João, chegam a predizer a data exata do fim. Durante muitos séculos se dizia: "De 1000 passou, mas de 2000 não passará!" Por isso, na medida em que o ano 2000 chegava mais perto, muitos ficavam preocupados. Teve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim não chegou! A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos.
Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta do mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso do céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Havia até pessoas que já nem trabalhavam mais, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas. Assim pensavam. Mas até hoje a vinda de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? Nas ruas das cidades, a gente vê pintado nas paredes "Jesus voltará"! Vem ou não vem? E como será a vinda?
Muitas vezes, a afirmação "Jesus voltará!" é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a frequentar uma determinada igreja! No Novo Testamento, porém, a volta de Jesus sempre é motivo de alegria e de paz! O medo é para os que oprimem e exploram o povo. Para os explorados e oprimidos, a vinda de Jesus é uma Boa Notícia!
Quando vai acontecer essa vinda? Entre os judeus, as opiniões eram variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: "Os tempos messiânicos já chegaram!" Achavam que o bem-estar deles durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isso, não queriam mudança e combatiam a pregação de Jesus que convocava o povo a mudar e a converter-se. Os fariseus diziam: "O Messias ainda deve chegar! Vai depender do nosso esforço na observância da lei!" Os essênios diziam: "O Reino prometido só chegará quando tivermos purificado o país de todas as impurezas."
Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: "Jesus vai voltar logo!" (1Ts 4,13-18; 2Ts 2,2). Paulo responde que não é tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisa: "Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!" Provavelmente, eram uns preguiçosos que, na hora do almoço, iam mendigar a comiga na casa do vizinho. Outros cristãos eram de opinião que Jesus só voltaria depois que o evangelho fosse anunciado no mundo inteiro (At 1,6-11). E achavam que, quanto maior o esforço de evangelizar, mais rápido viria o fim do mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: "Ele não vai voltar nunca!" (1Pd 3,4). Outros, baseando-se em palavras do próprio Jesus, diziam acertadamente: "Ele já está o meio de nós!" (Mt 25,40).
Hoje acontece o mesmo. Tem gente que diz: "Do jeito que está, está bem, tanto na Igreja como na sociedade!" Eles não querem mudança. Outros esperam pela volta imediata de Jesus. Outros acham que Jesus só voltará através do nosso trabalho e anúncio. Para nós, Jesus já está no nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Mas a plenitude ainda não chegou. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25).  
 Fonte: CEBI

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Quando 10 centavos valem mais que 1.000 reais - (Mc 12,38-44) - Mesters e Lopes



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QUANTO 10 CENTAVOS VALEM MAIS QUE 1.000 REAIS...
DEUS SE REVELA NA PARTILHA DA VIÚVA POBRE
Marcos 12,38-44

Texto extraído do livro CAMINHANDO COM JESUS - Círculos Bíblicos do Evangelho de Marcos (2ª parte) - Coleção A Palavra na Vida 184/185. Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes. CEBI Publicações. Saiba mais no endereço vendas@cebi.org.br.


ABRIR OS OLHOS PARA VER
No texto de hoje, Jesus elogia uma viúva pobre porque ela soube partilhar mais do que todos os ricos. Muitos pobres de hoje fazem o mesmo. O povo diz: "Pobre não deixa morrer de fome". Mas às vezes, nem isso é possível. Dona Cícera, que veio do interior da Paraíba para morar na periferia de João Pessoa, dizia: "No interior, a gente era pobre, mas tinha sempre uma coisinha para dividir com o pobre na porta. Agora que estou aqui na cidade, quando vejo um pobre que vem bater na porta, eu me escondo de vergonha, porque não tenho nada em casa para dividir com ele!" De um lado: gente rica que tem tudo, mas não quer partilhar. Do outro lado: gente pobre que não tem quase nada, mas quer partilhar o pouco que tem. Vamos conversar sobre isso.

COMENTANDO
Marcos 12, 38-40: Jesus critica os doutores da Lei
Jesus chama a atenção dos discípulos para o comportamento ganancioso e hipócrita de alguns doutores da Lei. Estes tinham gosto em circular pelas praças com longas túnicas, receber as saudações do povo, ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes. Eles gostavam de entrar nas casas das viúvas e fazer longas preces em troca de dinheiro! E Jesus termina: "Essa gente vai receber um julgamento mais severo!"
Marcos 12, 41-42: A esmola da viúva
Jesus e os discípulos, sentados em frente ao cofre do Templo, observavam como todo  o mundo colocava aí a sua esmola. Os pobres jogavam poucos centavos, os ricos jogavam moedas de grande valor. Os cofres do Templo recebiam muito dinheiro. Todo o mundo trazia alguma coisa para a manutenção do culto, para o sustento do clero e para a conservação do prédio. Parte deste dinheiro era usada para ajudar os pobres, pois naquele tempo não havia previdência social. Os pobres viviam entregues à caridade pública. Os pobres que mais precisavam da ajuda dos outros eram os órfãos e as viúvas. Estas não tinham nada. Dependiam em tudo da caridade dos outros. Mas mesmo sem ter nada, elas faziam questão de partilhar. Assim, uma viúva bem pobre colocou sua esmola no cofre do Templo. Poucos centavos apenas!
Marcos 12, 43-44: Jesus aponta onde se manifesta a vontade de Deus
O que vale mais: os 10 centavos da viúva ou os 1.000 reais dos ricos? Para os discípulos, os 1.000 reais dos ricos eram muito mais úteis para fazer a caridade do que os 10 centavos da viúva. Eles pensavam que o problema do povo só poderia ser resolvido com muito dinheiro. Por ocasião da multiplicação dos pães, eles tinham dito a Jesus: "O senhor quer que vamos comprar pão por 200 denários para dar de comer ao povo?" (Mc 6,37). De fato, para quem pensa assim, os 10 centavos da viúva não servem para nada. Mas Jesus diz: "Esta viúva que é pobre lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao Tesouro". Jesus tem critérios diferentes. Chamando a atenção dos discípulos para o gesto da viúva, ele ensina onde eles e nós devemos procurar a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e na partilha.

ALARGANDO
Esmola, partilha, riqueza
A prática de dar esmolas era muito importante para os judeus. Era considerada uma "boa obra", pois dizia a lei do AT: "Nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: abre a mão em favor do teu irmão, do teu humilde e do teu pobre em tua terra" (Dt 15,11). As esmolas, colocadas no cofre do Templo, seja para o culto, seja para os necessitados, os órfãos ou viúvas, eram consideradas como uma ação agradável a Deus. Dar esmolas era uma maneira de se reconhecer que todos os bens e dons pertencem a Deus e que nós somos apenas administradores e administradoras desses dons, para que haja vida em abundância para todas as pessoas.
Foi a partir do Êxodo que o povo de Israel aprendeu a importância da esmola, da partilha. A caminhada dos 40 anos pelo deserto foi necessária para superar o projeto de acumulação que vinha do faraó e que estava na cabeça do povo. É mais fácil sair do país do faraó que deixar a mentalidade dele. Ela é sutil demais. Foi preciso experimentar a fome no deserto para aprender que os bens necessários à vida são para todos. Este é o ensinamento da história do maná: "Nem aquele que tinha juntado mais tinha maior quantidade, nem aquele que tinha colhido menos encontrou menos" (Ex 16,18).
Mas a tendência à acumulação era e continua muito forte. Fica difícil uma pessoa livrar-se dela totalmente. Ela renasce sempre no coração humano. É com base nesta tendência que os grandes impérios da história da humanidade se formaram. Ela está no coração da ideologia destes impérios. Assim, cerca de 1.200 anos depois da saída do Egito, Jesus vai mostrar a conversão necessária para a entrada no Reino. Ele disse ao jovem rico: "Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres" (Mc 10,21). A mesma exigência é repetida nos outros evangelhos: "Vendei vossos bens e dai esmolas. Fazei bolsas que não fiquem velhas, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói" (Lc 12,33-34; Mt 6,9-20). E Mateus acrescenta o porquê dessa exigência: "Pois onde está o teu tesouro aí estará também o teu coração" (Mt 6,21).
A prática da partilha e da solidariedade é uma das características que o Espírito de Jesus, comunicado no dia de Pentecostes (At 2,1-13), quer realizar nas comunidades. O resultado da efusão do Espírito é este: "Não havia entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam o resultado da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos" (At 4,34-35a; 2,44-45). Estas esmolas recebidas pelos apóstolos não eram acumuladas, mas "distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade" (At 4,35b; 2,45).
A entrada de ricos na comunidade cristã, por outro lado, possibilitou uma expansão do cristianismo, dando melhores condições para o movimento missionário. Mas, por outro lado, a acumulação dos bens bloqueava o movimento da solidariedade e da partilha provocado pela força do Espírito de Pentecostes. Tiago quer ajudar estas pessoas a perceberem o caminho equivocado no qual estão metidas: "Pois bem, agora vós, ricos, chorai por causa das desgraças que estão a sobrevir. A vossa riqueza apodreceu e as vossas vestes estão carcomidas pelas traças" (Tg 5,1-3). Para aprender o caminho do Reino, todos precisam tornar-se alunos daquela viúva pobre, que partilhou tudo o que tinha, o necessário para viver (Mc 12,41-44).
 Fonte: CEBI